Roberto Dalmo, PatrÃcia Barbosa Pereira (DTPEN), Everton Bedin e Ivanilda Higa (DTPEN), professores orientadores e coordenadores de área dos subprojetos QuÃmica, Biologia, do PRP, e QuÃmica e FÃsica, do PIBID, reuniram seus bolsistas (licenciandos e professores preceptores) no Anfi 500 do D. Pedro I (Setor de Educação/Reitoria) no último sábado, dia 27/05/2023, para dar continuidade à discussão sobre o Apocalipse ZUMBI. Em continuidade ao encontro realizado em 2021, o grupo buscou estabelecer diálogos e construções coletivas que especulem a reconstrução do planeta em um cenário pós apocalÃptico.
Em 31 de outubro de 2021, durante o momento que ainda era considerado como pandemia, alguns dos membros do grupo dos subprojetos QuÃmica, do Programa Residência Pedagógica e PIBID UFPR, fizeram parte da organização e escrita do livro “Conhecimentos QuÃmicos que você precisa para sobreviver ao apocalipse zumbi”. Naquele momento o livro era uma ideia lúdica, a construção de um manual (ou algo do tipo). Era uma história que poderia ser contada, inspirada em nomes como Ailton Krenak, Donna Haraway.
“E a minha provocação sobre adiar o fim do mundo é exatamente sempre poder contar mais uma história. Se pudermos fazer isso, estaremos adiando o fim” (Ailton Krenak – ideias para adiar o fim do mundo)
“O mundo começou a declinar quando começamos a consumir de maneira desenfreada. ProduzÃamos muitas coisas, mas tudo com prazo de validade para que comprássemos mais e mais. A gente dominava os desejos das pessoas e transformava todos eles em lucro. Era maravilhoso: carros de luxo, jatinhos, comida cara. ComÃamos carne sem pensar na vida que nela habitava… é mais ou menos o que eles querem fazer com a gente. ComÃamos tudo, bebÃamos tudo o que podÃamos e acreditávamos, principalmente, que a ciência resolveria todos os nossos problemas. Os rios foram poluÃdos? Não tem problema! A ciência vai resolver. O ar está poluÃdo? Não tem problema, a ciência vai resolver! Surgiu uma doença nova? Não tem problema, a ciência vai resolver. A gente chegou em um grau de loucura em que dividÃamos a natureza da humanidade… como se nós não fôssemos natureza. Agora é tarde. Esse mundo não existe. Bem… eu não vivia os carros de luxo, jatinhos e a comida cara. Eu era um trabalhador comum, desempregado, em um paÃs em crise. Tudo começou quando uma indústria de agrotóxicos se instalou em Curitiba. No começo não desconfiávamos de nada. Eles prometiam tudo pra gente: empregos, melhorias na qualidade de vida e, principalmente, prometiam que conseguirÃamos pagar nossas contas. VivÃamos a ilusão de que conseguirÃamos tudo com muito esforço individual. Falavam pra gente: “não reclamem, trabalhem!â€. Assim fazÃamos… à s vezes sem nos questionar muito. Eles diziam que a CapiAgro ia dominar o mercado dos agrotóxicos a partir de um produto extraÃdo do cérebro de capivaras e que seria um produto tão barato que todas as plantações de soja do Brasil iam querer. Com o passar do tempo, a CapiAgro conquistou a confiança do mercado e se tornou a principal fornecedora de agrotóxicos do paÃs. Dizem que a empresa já conhecia o “Capivirus curitibensesâ€, presente no cérebro das fofinhas capivaras, mas, mesmo assim, preferiu ignorá-lo. Eles diziam: “A produção não pode parar! O máximo que o vÃrus vai provocar é uma gripezinha!â€. Eles também acreditavam que se boa parte da população se contaminasse, o problema estaria resolvido. O vÃrus ficou adormecido em nossos corpos até 2030. Ninguém sabe bem o que aconteceu, mas, em pouco tempo ele se manifestou e provocou um surto global. O que no começo parecia uma febre, fez com que milhares de pessoas se transformassem. Elas não estavam mais vivas e nem mortas… elas eram zumbis! Hoje eu vejo que o mundo foi destruÃdo pela nossa ganância. Poucos meses depois do surto inicial, a maior parte da população mundial tornou-se zumbi. Outros, como nós, seguimos resistindo. É triste, mas foi assim que começou o apocalipse. Agora aprendemos a lidar com a escassez. Só aprendemos a ser sustentáveis quando a sociedade deixou de se sustentar. Precisamos sobreviver, aprender técnicas para seguir vivendo. Para nossa sorte, uma galerinha muito bacana, em 2021, vivendo outra pandemia — a da covid-19 —, elaborou um material com conhecimentos quÃmicos indispensáveis ao apocalipse zumbi. Eu achei esses documentos e juntei tudo em um dossiê. Espero que esse dossiê lhe ajude a sobreviver e, quem sabe, construir um mundo novo. Eu fui mordido e minha hora já está chegando… Faça um bom uso do material, ele me ajudou bastante até aqui†(História introdutória do Livro 1)